Novo levantamento da safra 2019/2020, divulgado nesta terça-feira pela Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), indica que o Rio Grande do Sul deve encerrar esse ciclo amargando uma retração de 46% na produção em relação ao ciclo anterior. Isso mesmo tendo semeado uma área 3% maior, alcançando quase 6 milhões de hectares. 

Os danos causados pela estiagem

 devem levar a colheita gaúcha da oleaginosa a cair de 19,187 milhões de toneladas para pouco mais de 10 milhões em 2020.

Levando em conta a perda de cerca de 9 milhões de toneladas, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro/RS) estima que de um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 30 bilhões projetado inicialmente para o grão a cifra deve cair para próximo de R$ 15,8 bilhões _ perda, por tanto, de mais de R$ 14 bilhões. De acordo com o vice-presidente da Aprosoja/RS, Luiz Fernando Fucks, os números não deve ter nenhuma alteração positiva no próximo levantamento, ainda que algumas entidade e empresas trabalhem com uma projeção de colheita entre 11 milhões e 13 milhões.

“Quando foi feito esse estudo o Rio Grande do Sul já tinha colhido mais de 85% da área. Infelizmente, a quebra de 46%, pelo menos, para nós, já está consolidada”, diz Fucks.

Com a falta de chuva registrada desde dezembro de 2019, a produtividade média no Estado, de acordo esse penúltimo levantamento da Aprosoja, foi de apenas 1.757 kg por hectare _ o equivalente a 47% menos do que os 3.321 do ciclo anterior.

As perdas em solo gaúcho, o terceiro maior produtor nacional (atrás de Mato Grosso e Paraná), foram decisivas para a redução nacional, de 124,5 milhões feita em dezembro, para as atuais 120 milhões de abril. Enquanto Mato Grosso tem alta de 5% na produção (de 32,5 milhões na safra passada para 34 milhões na atual), o Paraná exibe elevação de 27%, de 16,25 milhões para 20,7 milhões no mesmo período.

Apesar da queda, os números gerais ainda manteriam o Brasil na liderança no ranking mundial da produção, com 36% da soja colhida globalmente, de acordo com a Aprosoja. Na segunda colocação aparece os Estados Unidos, que devem colher 97 milhões de toneladas e responde por 29% da soja mundial, seguido da Argentina, que produz 65 mi/t e abrange 16% da produção global.

O Brasil lidera também nas exportações, com 77 mi/t comercializadas (52% do total exportado), seguido pelos Estados Unidos, que vendeu 48 mi/t (33% do total exportado) e pela Argentina, que vendeu 13 mil/t (6% do comércio internacional). Os três países somam 91% das exportações mundiais.

Apesar do acordo de prioridade de compra de produtos agrícolas dos Estados Unidos pela China, prevista no final do ano passado em um acordo para trégua comercial entre os dois países, a Aprosoja defende que a China seguirá comprando o grão brasileiro em volumes semelhantes à média dos últimos dois anos devido ao elevado teor de óleo e proteína do produto nacional. O Brasil exportou para a China 60 milhões de toneladas em 2019 (contra 66 mi/t em 2018) e deve exportar entre 60 milhões e 66 mi/t em 2020, estima a associação.